OBJETIVOS
ESPECÍFICOS
·Identificar
o gênero conto.
·Compreender
e interpretar o texto e a música trabalhados.
·Comparar
as duas formas de abandono/distanciamento as quais o texto e a música
referem-se para dar-se conta de que o valor individual das pessoas
está cada vez menor em meio à multidão.
CRONOGRAMA
DOS TRABALHOS
1.
Apresentação da música Maior Abandonado, de Cazuza e
Frejat (5 min.)
2.
Compreensão e interpretação da música de forma oral, tentando
levantar assuntos que se relacionem com o tema do
abandono/distanciamento entre pessoas, tratado no conto que virá a
seguir. (20 min.)
3.
Apresentação do conto Grande Edgar, assim como de seu
autor, Luis Fernando Veríssimo (5 min.)
4.
Leitura silenciosa do conto (10 min.)
5.
Leitura expressiva do conto pelo professor (5 min.)
6.
Compreensão e interpretação do conto de forma oral, destacando
temas como “como nos distanciamos de pessoas importantes ao longo
da vida”, “como nos tornamos 'apenas mais um' aos olhos da
sociedade”, “como nós mesmos não nos damos a devida
importância”, etc. (25 min.)
7.
Análise do conto conforme as estruturas características do gênero
(apresentação, Modelo de complicação, clímax, desfecho) (15
min.)
8.
Escrita de um pequeno texto que responda a pergunta “Quem é o
“maior abandonado do título da música?” (15 min.)
CONTEÚDOS
·Leitura,
análise e interpretação do conto Grande
Edgar, de Luis
Fernando Veríssimo.
·Leitura,
análise e interpretação da música Maior
Abandonado, de Cazuza
e Frejat.
·Gênero
conto.
·Gênero
letra de música.
Música Maior
Abandonado, composta por Cazuza e Frejat
Eu
tô perdido
Sem
pai nem mãe
Bem
na porta da tua casa
Eu
tô pedindo
A
tua mão
E
um pouquinho do braço
Migalhas
dormidas do teu pão
Raspas
e restos
Me
interessam
Pequenas
porções de ilusão
Mentiras
sinceras me interessam
Me
interessam, me interessam
Eu
tô pedindo
A
tua mão
Me
leve para qualquer lado
Só
um pouquinho
De
proteção
Ao
maior abandonado
Teu
corpo com amor ou não
Raspas
e restos me interessam
Me
ame como a um irmão
Mentiras
sinceras me interessam
Me
interessam
Migalhas
dormidas do teu pão
Raspas
e restos
Me
interessam
Pequenas
porções de ilusão
Mentiras
sinceras me interessam
Me
interessam, me interessam
Eu
tô pedindo
A
tua mão
Me
leve para qualquer lado
Só
um pouquinho
De
proteção
Ao
maior abandonado
Conto Grande
Edgar, de Luis Fernando Veríssimo
Já
deve ter acontecido com você.
-
Não está se lembrando de mim?
Você
não está se lembrando dele. Procura, freneticamente, em todas as
fichas armazenadas na memória o rosto dele e o nome correspondente,
e não encontra. E não há tempo para procurar no arquivo
desativado. Ele está ali, na sua frente, sorrindo, os olhos
iluminados, antecipando a sua resposta. Lembra ou não lembra? Neste
ponto, você tem uma escolha. Há três caminhos a seguir. Um, o
curto, grosso e sincero.
-
Não.
Você
não está se lembrando dele e não tem por que esconder isso. O
"Não" seco pode até insinuar uma reprimenda à pergunta.
Não se faz uma pergunta assim, potencialmente embaraçosa, a
ninguém, meu caro. Pelo menos não entre pessoas educadas. Você
devia ter vergonha. Não me lembro de você e mesmo que lembrasse não
diria. Passe bem.
Outro
caminho, menos honesto mas igualmente razoável, é o da
dissimulação.
-
Não me diga. Você é o... o...
"Não
me diga", no caso, quer dizer "Me diga, me diga". Você
conta com a piedade dele e sabe que cedo ou tarde ele se
identificará, para acabar com a sua agonia. Ou você pode dizer algo
como:
-
Desculpe deve ser a velhice, mas...
Este
também é um apelo à piedade. Significa "Não torture um pobre
desmemoriado, diga logo quem você é!" É uma maneira simpática
de dizer que você não tem a menor idéia de quem ele é, mas que
isso não se deve à insignificância dele e sim a uma deficiência
de neurônios sua.
E
há o terceiro caminho. O menos racional e recomendável. O que leva
à tragédia e à ruína. E o que, naturalmente, você escolhe.
-
Claro que estou me lembrando de você!
Você
não quer magoá-lo, é isso. Há provas estatísticas que o desejo
de não magoar os outros está na origem da maioria dos desastres
sociais, mas você não quer que ele pense que passou pela sua vida
sem deixar um vestígio sequer. E, mesmo, depois de dizer a frase não
há como recuar. Você pulou no abismo. Seja o que Deus quiser. Você
ainda arremata:
-
Há quanto tempo!
Agora
tudo dependerá da reação dele. Se for um calhorda, ele o
desafiará.
-
Então me diga quem eu sou.
Neste
caso você não tem outra saída senão simular um ataque cardíaco e
esperar, falsamente desacordado, que a ambulância venha salvá-lo.
Mas ele pode ser misericordioso e dizer apenas:
-
Pois é.
Ou:
-
Bota tempo nisso. Você ganhou tempo para pesquisar melhor a memória.
Quem é esse cara, meu Deus?
Enquanto
resgata caixotes com fichas antigas do meio da poeira e das teias de
aranha do fundo do cérebro, o mantém à distância com frases
neutras como "jabs" verbais.
-
Como cê tem passado?
-
Bem, bem.
-
Parece mentira.
-
Puxa.
(Um
colega da escola. Do serviço militar. Será um parente? Quem é esse
cara, meu Deus?)
Ele
está falando:
-
Pensei que você não fosse me reconhecer...
-
O que é isso?!
-
Não, porque a gente às vezes se decepciona com as pessoas.
-
E eu ia esquecer você? Logo você?
-
As pessoas mudam. Sei lá.
-
Que idéia!
(É
o Ademar! Não, o Ademar já morreu. Você foi ao enterro dele. O...
o... como era o nome dele? Tinha uma perna mecânica. Rezende! Mas
como saber se ele tem uma perna mecânica? Você pode chutá-lo,
amigavelmente. E se chutar a perna boa? Chuta as duas. "Que bom
encontrar você!" e paf, chuta uma perna. "Que saudade!"
e paf, chuta a outra. Quem é esse cara?)
-
É incrível como a gente perde contato.
-
É mesmo.
Uma
tentativa. É um lance arriscado, mas nesses momentos deve-se ser
audacioso.
-
Cê tem visto alguém da velha turma?
-
Só o Pontes.
-
Velho Pontes!
(Pontes.
Você conhece algum Pontes? Pelo menos agora tem um nome com o qual
trabalhar.
Uma
segunda ficha para localizar no sótão. Pontes, Pontes...)
-
Lembra do Croarê?
-
Claro!
-
Esse eu também encontro, às vezes, no tiro ao alvo.
-
Velho Croarê!
(Croarê.
Tiro ao alvo. Você não conhece nenhum Croarê e nunca fez tiro ao
alvo. É inútil. As pistas não estão ajudando. Você decide
esquecer toda a cautela e partir para um lance decisivo. Um lance de
desespero. O último, antes de apelar para o enfarte.)
-
Rezende...
-
Quem?
Não
é ele. Pelo menos isso está esclarecido.
-
Não tinha um Rezende na turma?
-
Não me lembro.
-
Devo estar confundindo.
Silêncio.
Você sente que está prestes a ser desmascarado.
-
Sabe que a Ritinha casou?
-
Não!
-
Casou.
-
Com quem?
-
Acho que você não conheceu. O Bituca.
Você
abandonou todos os escrúpulos. Ao diabo com a cautela. Já que o
vexame é inevitável, que ele seja total, arrasador. Você está
tomado por uma espécie de euforia terminal. De delírio do abismo.
Como que não conhece o Bituca?
-
Claro que conheci! Velho Bituca...
-
Pois casaram...
É
a sua chance. É a saída. Você passa ao ataque.
-
E não me avisaram nada?!
-
Bem...
-
Não. Espera um pouquinho. Todas essas coisas acontecendo, a Ritinha
casando com o Bituca, o Croarê dando tiro, e ninguém me avisa
nada?!
-
É que a gente perdeu contato e...
-
Mas o meu nome está na lista, meu querido. Era só dar um
telefonema. Mandar um convite.
-
É...
-
E você ainda achava que eu não ia reconhecer você. Vocês é que
esqueceram de mim!
-
Desculpe, Edgar. É que...
-
Não desculpo não. Você tem razão. As pessoas mudam...
(Edgar.
Ele chamou você de Edgar. Você não se chama Edgar. Ele confundiu
você com outro. Ele também não tem a mínima idéia de quem você
é. O melhor é acabar logo com isso. Aproveitar que ele está na
defensiva. Olhar o relógio e fazer cara de "Já?!")
-
Tenho que ir. Olha, foi bom ver você, viu?
-
Certo, Edgar. E desculpe, hein?
-
O que é isso? Precisamos nos ver mais seguido.
-
Isso.
-
Reunir a velha turma.
-
Certo.
-
E olha, quando falar com a Ritinha e o Mutuca...
-
Bituca.
-
E o Bituca, diz que eu mandei um beijo. Tchau, hein?
-
Tchau, Edgar!
Ao
se afastar, você ainda ouve, satisfeito, ele dizer "Grande
Edgar". Mas jura que é a última vez que fará isso. Na próxima
vez que alguém lhe perguntar "Você está me reconhecendo?"
não dirá nem não. Sairá correndo
RECURSOS
Aparelho
de som
AVALIAÇÃO
Será
feita a partir do texto elaborado em aula, cujo tema permite que seja
observado o entendimento do aluno perante os conteúdos apresentados.
REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS
CAZUZA
e FREJAT. Maior abandonado. http://letras.mus.br/cazuza/919100/
VERÍSSIMO,
Luis Fernando. Grande Egar. In:__ As mentiras que os homens
contam. São Paulo: Objetiva, 2000.
Postado por David Faula
Postado por David Faula
Olá, David. Gostei da proposta de sua aula. Contudo, não há enfoque literário. Pense como adaptar essa proposta ao ensino de literatura.
ResponderExcluirOi, David. Gostei do seu plano de aula. Como comentei no plano de aula da Yuri, trabalhar com música traz bons resultados, e Luís Fernando Veríssimo é um ótimo escritor.
ResponderExcluirConcordo com o comentário da professora Lígia. Achei que sua proposta dá enfoque ao ensino de Teoria Literária, e não de Literatura Portuguesa.
Eu acho que faltou um enfoque em algum movimento literário,talvez se fosse dessa maneira,o plano de aula estaria completo.
ResponderExcluirAté mais!
Boa proposta!
ResponderExcluirSe trabalhada,trará grandes resultados :)
Rebeca Bastos