A cantiga de amor
O cavalheiro se dirige à mulher amada como uma figura idealizada,
distante. O poeta, na posição de fiel vassalo, se põe a serviço
de sua senhora, dama da corte, tornando esse amor um objeto de sonho,
distante, impossível. Mas nunca consegue conquistá-la, porque tem
medo e também porque ela rejeita sua canção.
EX:
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- "A dona que eu am'e tenho por Senhor
- amostrade-me-a Deus, se vos en prazer for,
- se non dade-me-a morte.
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- A que tenh'eu por lume d'estes olhos meus
- e porque choran sempr(e) amostrade-me-a Deus,
- se non dade-me-a morte.
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- Essa que Vós fezestes melhor parecer
- de quantas sei, a Deus, fazede-me-a veer,
- se non dade-me-a morte.
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- A Deus, que me-a fizestes mais amar,
- mostrade-me-a algo possa con ela falar,
- se non dade-me-a morte."
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Identificamos as seguintes características de um cantiga de amor:
- Eu lírico masculino
- Assunto Principal: o sofrimento amoroso do eu-lírico perante uma mulher idealizada e distante.
- Amor cortês; vassalagem amorosa.
- Amor impossível.
- Ambientação aristocrática das cortes.
- Forte influência provençal.
- Vassalagem amorosa "o eu lírico usa o pronome de tratamento "senhor".
A cantiga de amigo (namorado)
São cantigas de origem popular, com marcas evidentes da literatura oral (reiterações, paralelismo, refrão, estribilho), recursos esses próprios dos textos para serem cantados e que propiciam facilidade na memorização. Esses recursos são utilizados, ainda hoje, nas canções populares.
Ex:
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- "Ai flores, ai flores do verde pino,
- se sabedes novas do meu amigo!
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- ai Deus, e u é?
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- Ai flores, ai flores do verde ramo,
- se sabedes novas do meu amado!
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- ai Deus, e u é?
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- Se sabedes novas do meu amigo,
- aquel que mentiu do que pôs comigo!
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- ai Deus, e u é?
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- Se sabedes novas do meu amado,
- aquel que mentiu do que mi há jurado!
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- ai Deus, e u é?"
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Identificamos uma cantiga de amigo da seguinte forma:
- Eu lírico feminino.
- Presença de paralelismos.
- Predomínio da musicalidade.
- Assunto Principal: o lamento da moça cujo namorado partiu.
- Amor natural e espontâneo.
- Amor possível.
- Ambientação popular rural ou urbana.
- Influência da tradição oral ibérica.
- Deus é o elemento mais importante do poema.
- Pouca subjetividade.
Postado por David Faula.
Temos tambem as Cantigas de Maldizer que através delas, os trovadores faziam sátiras diretas, chegando muitas vezes a agressões verbais. Em algumas situações eram utilizados palavrões. O nome da pessoa satirizada podia aparecer explicitamente na cantiga ou não.
ResponderExcluirEssa questão do amor impossivel está relacionada a lealdade do cavalheiro ao rei, correto? isso também envolvia questões religiosas, onde o cavalheiro estaria pecando por desejar uma mulher que estava numa posição social mais alta? por que o Humanismo chega apenas um bom tempo depois, até onde me lembro.
ResponderExcluirCristiano da Silva Santos.